quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A CES dos tablets inaugura uma briga de formatos

  • Por Pedro Doria - 9 de janeiro

A CES transformou-se, ao longo dos anos, na mais importante feira para anúncio de produtos eletrônicos do mundo. Este ano, como qualquer reportagem sobre a feira logo dirá, é o ano dos tablets. De fato, há uma penca deles sendo apresentados. O que poucos estão lembrando é que, em 2010, na mesma CES, os destaques também foram os tablets. A diferença é que, de todos os produtos anunciados há um ano, quase nenhum chegou ao mercado.

O que ocorreu, evidentemente, foi o iPad. Quando a Apple o apresentou, seu tablet era muito melhor e mais barato do que o dos concorrentes. Todos tiveram que voltar às pranchetas e calculadoras para refazer o trabalho.

No final do ano passado, a Samsung adiantou-se às rivais lançando seu Galaxy Tab. É um produto bacana. Mas, perante alguns dos novos modelos apresentados esta semana, caso do elegante Motorola Xoom, ela pode ter problemas.

O que faz a diferença é HoneyComb, a versão 3.0 do sistema operacional Android. Apressada, a Samsung usou o Android para celulares. Lançou o produto primeiro. Mas não vai conseguir aproveitar das benesses que vêm com a nova versão. Os rivais se deram bem.

Se dá para acreditar no vídeo divulgado pelo Google, o novo Android para tablets faz bonito mesmo perante o iPad. As páginas dos livros eletrônicos viram como se fossem de papel, Gmail e YouTube foram otimizados para o aparelho, ele permite chats em vídeo e o Google Maps vem com opção 3D.

Outra diferença é o formato da tela. O Galaxy Tab tem uma tela com proporção 16 x 9. É a mesma do cinema widescreen. A tela do iPad é mais próxima do quadrado, 4 x 3. Fotografia usa muito. A maioria dos tablets anunciados na CES seguem o padrão Apple.

Isso faz toda a diferença para os desenvolvedores. Eles terão alguns sistemas operacionais com os quais lidar. O da Apple e o Android, por certo, mas também Blackberry, Windows e WebOS, da HP, que alimenta os antigos Palms e virá para o mundo dos tablets. Para o consumidor, tablet útil é tablet que tem muito aplicativo e muito conteúdo. Para ter muito aplicativo e conteúdo, é preciso que revistas, jornais e programadores adaptem seu material.

Adaptar uma revista ou um aplicativo a formatos diferentes de tela dá trabalho. Se quase todo o mercado vai de 4 x 3, este será o padrão. A Samsung apostou no cinema mas pode terminar perdendo mais esta.
O que nos traz de volta à questão dos sistemas diversos. O iPad é tão bom, já abocanhou um pedaço tão grande do mercado e já tem tantos programas feitos para ele que a Apple pode se sentir tranquila de que é uma eleita. O Android é aberto, foi escolhido por muitos fabricantes importantes – Samsung, Motorola, Sony etc. – e, nos EUA, já é líder nos smartphones. Apple e Google são as forças dominantes deste mundo.

Há espaço para um terceiro sistema? Haverá programas para tablets Windows, HP-WebOS e Blackberry?
A RIM, fabricante do Blackberry, aposta que quem já usa seus telefones preferirá seu próprio tablet. (A crítica diz que a bateria dele, o PlayBook, tem vida curta.) O novo sistema para celulares da Microsoft, Windows Phone 7 é bonito que só – o Surface, apresentado na CES, é só um protótipo. E o WebOS ainda é uma incógnita. Será o último a sair, antecipa-se um fracasso…

Ambas, RIM e Microsoft, têm um desafio e tanto: cavar espaço neste terreno que Apple e Google querem dominar. Para isso, precisarão convencer muita gente que vale desenvolver para seus sistemas. Nos anos 1980, foi justamente esta guerra que Bill Gates venceu contra Steve Jobs, transformando primeiro o MS-DOS, depois o Windows, em padrão dos PCs. E agora?

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