sábado, 15 de outubro de 2011

Van Sant faz morte virar conto de fadas

"Fiz o que não esperam de mim", explica o diretor de "Inquietos", que o Festival do Rio exibe a partir de hoje

Filme juvenil, lançado em Cannes, tem casal apaixonante vivido por Mia Wasikowska e filho de Dennis Hopper

ANA PAULA SOUSA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O tema da morte sempre rondou o cinema de Gus van Sant. Basta lembrar "Gerry" (2002), "Elefante" (2003) ou "Paranoid Park" (2007).
A diferença, desta vez, é que ele resolveu transformar a morte em conto de fadas. "Inquietos" pode ser definido como "love story" juvenil.
"Não acho que tenha feito uma 'love story' tradicional. Acho apenas que fiz algo novo na minha carreira", disse o diretor, em entrevista concedida durante o Festival de Cannes, em maio passado.
"As reações ruins, neste caso, podem ser boas, porque fiz o que não esperam de mim. Pela primeira vez, tentei estar a serviço do roteiro, tentei, simplesmente, contar uma história", completou.
O roteiro assinado pelo estreante Jason Lew conta a história de dois jovens que, por diferentes motivos, são obrigados a lidar com a morte.
"Jason escreveu uma fantasia que é, ao mesmo tempo, pura realidade. O roteiro, de cara, me remeteu à velha tradição dos contos russos", afirmou o cineasta.
"Ele colocou sua nostalgia da infância e da juventude nesses personagens."
O que os dois protagonistas do filme têm em comum, além do tema da morte a rondá-los e das roupas que parecem saídas de um filme de época, é o mundo que inventaram para poder sobreviver.
Como outros personagens de Van Sant, Annabel (Mia Wasikowska) e Enoch (Henry Hopper) se sentem apartados do mundo "normal".
"O Velho Oeste era o lugar a partir do qual John Ford via o mundo e contava histórias. A juventude é o meu terreno", disse Gus van Sant, para explicar o que, às vezes, é tomado por obsessão.
"É a partir dos jovens que eu consigo investigar os temas que me interessam."
Em "Inquietos", o cineasta, que já transformou vários "garotos lindos" em atores de respeito -basta lembrar River Phoenix (1970-2003), Keanu Reeves, Ben Affleck e Matt Damon-, nos revela um outro rosto marcante: o de Henry Hopper, filho de Dennis Hopper (1936-2010).
"Gosto de trabalhar com atores não conhecidos para que o espectador olhe para o personagem sem ter nenhuma outra referência."
Hopper, também artista plástico, encarou seu primeiro papel de protagonista no cinema com esse trabalho.
Forma um par perfeito -e absolutamente apaixonante- com Wasikowska, a nova queridinha de Hollywood.

Nenhum comentário:

Postar um comentário