sábado, 24 de setembro de 2011

RITA SIZA - Menino não entra?

O Fenerbahce conseguiu driblar uma punição e tornou seu jogo um 'clube da Luluzinha'



Um estádio de futebol transformado em "clube da Luluzinha" é coisa que não se vê todos os dias.
Aconteceu na Turquia nesta semana, quando o campeão Fenerbahce inventou uma maneira de dar a volta a um castigo por violência dos seus adeptos: o time atuou com bancadas inteiramente ocupadas por mulheres (e numa concessão aos Bolinhas turcos, por meninos de menos de 12 anos).

O escândalo de corrupção que envolve o Fenerbahce já havia custado ao clube a presença na Copa dos Campeões (e levado o seu presidente para a prisão). Na pré-temporada, uma invasão de campo num jogo com o Shakhtar Donetsk acarretou a típica sanção da Uefa, que determinou que banir o público é a melhor forma de punir o comportamento de risco das multidões nas arenas.

No caso, o Fenerbahce foi "condenado" à realização de dois jogos da liga sem público. Mas a imaginação da federação turca permitiu a "inovação" mundial, por meio de uma emenda do regulamento, feita 24 horas antes do jogo, de forma a excluir mulheres e crianças do castigo.

Assim, contra o Manisapor (1 a 1), o clube de Istambul decidiu distribuir bilhetes gratuitos para todas as mulheres que quisessem ir ao estádio. Resultado: 41 mil lugares repletos. "Este é um dia histórico.
Pela primeira vez no mundo, tivemos uma torcida só composta por mulheres e crianças", disse uma das senhoras com assento na direção-executiva do Fenerbahce, Yasemin Mercil.

A evolução da sociedade faz do mundo ocidental um lugar onde "há cada vez mais mulheres" nas universidades, nas empresas e na política. E, se é verdade que também "há cada vez mais mulheres" nos estádios, elas ainda estão longe de assumir a sua verdadeira representatividade -na Inglaterra, onde a torcida feminina é das maiores do mundo, não chegam a 20% dos espectadores.

A experiência turca, disseram os envolvidos, foi fantástica. Em vez do silêncio desconfortável de um estádio vazio, os atletas foram aplaudidos e incentivados com as tradicionais canções da torcida que as mulheres conheciam de cor. Dizem os relatos que a multidão esteve mais afinada do que o costume e que os insultos foram menos audíveis -e que não se registrou nenhum caso de violência.

"Este jogo ficará para sempre na minha memória", disse o capitão do Fenerbahce, Alex. "Só temos que agradecer a todas estas senhoras que decidiram vir para nos apoiar", afirmou Joseph Yobo. Até o meia do Manisapor, Omer Aysan, estava impressionado: "Foi tão agradável e divertido jogar só para mulheres", disse, após se juntar a seus rivais para distribuir flores para a torcida.

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