quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Barretão critica Fernando Meirelles e Walter Salles Jr.

AMANDA QUEIRÓS
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Em seminário realizado nesta quarta (28) sobre os rumos do audiovisual brasileiro, durante o 44º Festival de Brasília, o produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, o Barretão, criticou cineastas individualistas e citou os nomes de Fernando Meirelles ("Cidade de Deus") e Walter Salles Jr. ("Central do Brasil") como exemplos.

"Cinema é um processo coletivo. Sempre foi. Alguns cineastas pensam que podem se construir sozinhos", afirmou.

Segundo ele, Meirelles e Salles são "pessoas que se alienaram e nunca colocaram seu prestígio em favor do cinema brasileiro, mas somente em favor de suas carreiras".

Em sua fala, Barreto defendeu a união dos artistas na briga por políticas mais sólidas para o setor do cinema e do audiovisual.

Ele também propôs que o governo federal siga o exemplo do modelo já executado no setor da agricultura e divida o Ministério da Cultura em dois: o Ministério das Indústricas Culturais (voltado para a produção mais comercial) e o Ministério do Desenvolvimento Cultural (preocupado com o fomento de trabalhos mais autorais e com menos apelo de venda).

SEM DIRCEU

A mesa da qual Barreto participou deveria contar com a presença do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. No entanto, o atraso em um voo impediu que ele chegasse a tempo.

A participação de Dirceu durante o seminário vinha provocando controvérsia nos corredores do Festival de Brasília. O questionamento se dava pela falta de um envolvimento direto dele com o tema.

O coordenador-geral do Festival de Brasília, Nilson Rodrigues, defendeu o convite. "Ele participou ativamente do processo de discussão sobre a criação da Ancine, do projeto da Ancinav e da militância recente pela aprovação do PL 116 ", afirmou.


"Cinema brasileiro não pode olhar só para dentro", diz Meirelles

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AMANDA QUEIRÓS
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O cineasta Fernanda Meirelles ("Cidade de Deus") respondeu às críticas feitas pelo produtor Luiz Carlos Barreto --que disse que o cineasta tem atitude individualista nesta quarta (28), durante o 44º Festival de Brasília.

Barretão critica Fernando Meirelles e Walter Salles Jr.

Por e-mail, Meirelles disse não se envolver com questões políticas do cinema brasileiro. "Como eu trabalho na área de criação, deixo para as minhas sócias esta parte do trabalho", escreveu.

Para ele, sua contribuição ao cinema está mais voltada para o mercado externo do que para o interno.

"Em todos os meus trabalhos sempre faço questão de incluir talentos brasileiros e me esforço muito para abrir novas trilhas de coproduções brasileiras. Aos poucos estes laços criados vão fazendo o Brasil parecer um lugar confiável para parcerias. Ou seja, tenho um outro foco, muito diferente do trabalho do Barreto, ele tem razão sobre isso, mas acho importante encontrar outros balcões de financiamento para nossos filmes e pavimentar esta estrada nos ligando a outras cinematografias. Mais do que nunca, o cinema brasileiro não pode ficar olhando só para dentro."

Leia abaixo a íntegra da resposta de Fernando Meirelles ao produtor Barretão:

"Tenho o maior respeito pelo Barretão e estou certo que esta frase foi tirada do contexto. Não me envolvo muito em questões políticas do cinema brasileiro, se foi a isto que o Luis Carlos se referiu, ele está correto. Como eu trabalho na área de criação deixo para as minhas sócias, produtoras da O2 Filmes, esta parte do trabalho. A O2 não tem 1/10 do número de títulos produzidos pela LC mas já fizemos quase 20 longas em 12 anos de atuação no cinema, a maioria deles lançando roteiristas, montadores, diretores, técnicos e atores, uma turma que hoje está na ponta do mercado. Mas sem pensar na O2, acho que minha contribuição ao nosso cinema está mais voltada para o mercado externo do que para o interno. Em todos os meus trabalhos sempre faço questão de incluir talentos brasileiros: Atores, fotógrafos, montadores, finalizadores, mixadores, músicos, coloristas etc. Me esforço muito para abrir novas trilhas de co-produções brasileiras como fiz com Canadá, Japão, Austria, Portugal, Reino Unido ou França. Fechar estes complicados acordos internacionais cria uma espécie de jurisprudência que facilita muito a vida de quem vem depois. Ha uma "tecnologia" para se buscar financiamento externo e estou sempre pronto e tenho mostrado o caminho das pedras para colegas. Aos poucos estes laços criados vão fazendo o Brasil parecer um lugar confiável para parcerias e co-produções. Ou seja, tenho um outro foco, muito diferente do trabalho do Barreto, ele tem razão sobre isso, mas acho importante encontrar outros balcões de financiamento para nossos filmes e pavimentar esta estrada nos ligando a outras cinematografias. Mais do que nunca, o cinema brasileiro não pode ficar olhando só para dentro."

A repórter AMANDA QUEIRÓS viajou a convite do festival

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