domingo, 7 de agosto de 2011

Quadrinhos belgas surgem como nova fonte de Hollywood

Em cartaz no Brasil, "Os Smurfs" terá sequência em 2013; "Tintim" de Spielberg é primeiro de uma trilogia

Nos EUA, aventura urbana em 3D das criaturas azuis ofuscou estreia de adaptação de HQ norte-americana


FERNANDA EZABELLA
ENVIADA ESPECIAL A CANCÚN, MÉXICO

Não foi à toa que Harrison Ford arrancou a cabeça do Papai Smurf num programa de TV nesta semana.
O ator é estrela da mais nova adaptação dos quadrinhos americanos para os cinemas, "Cowboys & Aliens", que passou vergonha nas bilheterias durante sua estreia, quase perdendo para o bando de criaturas azuis do tamanho de duas maçãs.
"Os Smurfs", que chegou aos cinemas do Brasil, é uma das principais animações do ano, assim como "As Aventuras de Tintim", a ser lançada em dezembro nos EUA.
Têm em comum o fato de ambas serem baseadas em gibis belgas, dos artistas Peyo (1928-1992) e Hergé (1907-1983), respectivamente, uma brisa europeia numa Hollywood dominada por Marvel e DC Comics.
Para alguns especialistas, isto não é mera coincidência.
"Hollywood já tirou todo o leite de seus próprios quadrinhos e super-heróis", diz o roteirista e crítico cultural belga Chris Craps. "Mas o público ainda continua grande para os filmes inspirados em HQs. Os produtores querem atravessar fronteiras para ver outras fontes de inspiração."
A versão cinematográfica dos Smurfs, famosos deste lado do oceano pelo desenho animado do estúdio americano Hanna-Barbera, é em 3D -e bem urbana.
Em vez da floresta com casinhas em forma de cogumelos, a caótica Nova York. O vilão Gargamel é interpretado por um ator de verdade, Hank Azaria, num elenco que conta ainda com Neil Patrick Harris e Sofia Vergara.
"Colocá-los na cidade, fora de seu ambiente, vai fazer com que as pessoas vejam Nova York como nunca viram antes", diz o diretor Raja Gosnell. "Quando os Smurfs chegam a Nova York, é como chegar à Cidade Esmeralda, de 'O Mágico de Oz'."
Já para fazer "Tintim", o diretor Steven Spielberg e o produtor Peter Jackson vêm repetindo que buscam ser os mais fiéis possíveis às histórias de Hergé.
"Quando estávamos fazendo o filme, tentamos manter todas as camadas que Hergé colocava em suas histórias", disse Peter Jackson, citando as ironias do protagonista, os comentários sociais e mesmo as influências dos filmes de ação de Hollywood. "Realmente não tentamos fazer nada de diferente do que estava nos livros."
Kathy Kennedy, produtora do filme, que trabalha desde 1981 com Spielberg, afirmou que a maior preocupação da família Hergé residia no fato de a equipe do filme ser americana. "Há nuances do humor, do estilo, e tudo era importante. Tivemos que ser educados."
"Tintim", que estreia no Brasil em janeiro, será uma trilogia, enquanto "Os Smurfs" deve ganhar uma sequência em 2013.

A jornalista FERNANDA EZABELLA viajou a Cancún a convite da Sony Pictures

LIVRO AZUL
FRANCÊS DIZ QUE SMURFS SÃO FASCISTAS

Antoine Buéno lançou na França "O Pequeno Livro Azul", que analisa politicamente a sociedade dos Smurfs. Atualiza teorias conspiratórias sobre as criaturas terem tendências stalinistas por serem comandadas por um líder, Papai Smurf, e antissemitas, por terem só uma mulher na vila, a Smurfete, loira ariana idealizada.

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